DZB - Biblioteca Central Alemã para Cegos



Fotografia de um livro antigo impresso a Braille

Esta manhã fomos à cidade de Liepzig, que fica a cerca de 40 quilómetros de Halle. O objetivo principal foi visitar a DZB - Biblioteca Central Alemã para Cegos. 

À nossa espera estava o Diretor da Biblioteca, Dr. Thomas Kahlisch, que nos falou um pouco dos serviços que promovem e nos levou numa visita guiada a muitos departamentos da mesma.

A “Deutsche Zentralbücherei für Blinde” (DZB) foi fundada em 1894 por iniciativa de um grupo de mulheres, esposas de editores ricos da cidade de Liepzig, que acharam que as pessoas cegas deveriam ser educadas e ter acesso à leitura para depois poderem trabalhar. Desde a sua fundação, o Braille tem sido o meio de comunicação e produção privilegiado. Depois de uma primeira fase de produção de revistas e livros em braille, começaram também a fazer produzir partituras também em braille. Atualmente, a produção de livros braille ainda é tradicional e requer muito trabalho. Outras áreas a que esta Biblioteca se dedica são a produção de relevos e de calendários anuais e a produção de livros falados.

Nos últimos 20 anos, os meios digitais têm vindo a ganhar importância e este fator tem-se traduzido na criação de condições, na biblioteca, para a produção de livros sonoros e em formato Daisy (Digital Accessible Information System, sistema de informação digital acessível). A mudança do suporte cassete para Daisy representou um passo qualitativo importante na área da leitura especial porque tornou possível ao utilizador controlar a mudança de páginas e capítulos. A DZB tem agora um aplicativo que facilita a tarefa da escolha e leitura. Pelo feedback que têm obtido, sabem que até pessoa mais idosas gostam de usar o aplicativo para ler diretamente de forma mais simples.
A utilização dos livros Daisy da DZB também pode ser realizada através de ligação à Internet, num computador ou noutros aparelhos que leem Daisy.

Em relação às partituras em Braille, o processo passa pela digitalização da partitura e posterior conversão. Os músicos cegos podem também enviar uma partitura em formato digital e em pouco tempo recebem a partitura em braille.

Muitas pessoas usam tablets e outros equipamentos para aceder a informação. Por isso a DZB está a realizar um esforço para trabalhar diretamente com as editoras e receber o material em formato acessível já de origem, o que pode poupar algum tempo e recursos à biblioteca.

A transcrição de livros comuns é normalmente fácil mas de livros científicos fica mais complicado. Preparar um livro didático em Braille é um desafio grande que não tem solução muito fácil nos próximos tempos.

O consórcio Daisy esta desenvolvendo estratégias para produzir Daisy mais rapidamente, em colaboração com as editoras. Também os padrões Daisy têm sofrido alterações com o avanço da tecnologia e segundo os mais atuais não se produz só recurso áudio mas sim áudio e texto, o que vem facilitar a produção de livros científicos.

Outra coisa interessante é o formato e-pub3, que não sendo um formato específico para pessoas cegas, é acessível. Espera-se que em breve as editoras tenham desde o início cuidado com a acessibilidade dos conteúdos. O que há pouco tempo parecia um sonho, está a tornar-se realidade. Isto possibilitaria perguntar ao utilizador qual o livro que ele deseja e rapidamente adaptá-lo e entregá-lo, num espaço de tempo cada vez mais reduzido e útil.

Para terminar, foi-nos referido que a Biblioteca está muito ansiosa, esperando a entrada em vigor do Tratado de Marraquexe (visite a Wikipedia para ficar a saber mais sobre este assunto) pois pretendem literatura com outras bibliotecas do mundo.

Na visita às instalações da biblioteca, passámos por muitos departamentos envolvidos na produção dos livros de leitura especial, como: o departamento onde os livros são digitalizados para o computador, passados pelo OCR, sofrem uma primeira revisão, são preparados para o braille e é impressa uma cópia para revisão braille; o departamento onde todo o braille revisto por duas pessoas, uma que lê o livro original e a outra que vai ao mesmo tempo revendo o braille impresso; o departamento que produz as placas metálicas para a impressão em série dos livros; a sala de impressão; o departamento onde são encadernados os livros.